Uma introdução sobre o mal no pensamento de Santo Agostinho

Resumo

Não sei se é possível mencionar algum filósofo, de todas as épocas e escolas, que ignore o fato do mal e a influência deste no mundo e no homem. O problema do mal não é uma simples teoria que atormenta as mentes dos pensadores, é um problema que eles precisam lidar no mundo real. Dificilmente se negará a existência do mal, ou de algum tipo de mal - ainda que não baseado em padrões de moralidade e imoralidade, ou em padrões teológicos, ou ainda padrões que se crêem ser revelados por Deus - não há quem não atribua o mal a alguma coisa, isto é, ainda que se admita que o sofrer e a dor não são males, algum tipo de mal a pessoa admitirá. Os grandes pensadores admitiram o mal, obviamente sob perspectivas diferentes, com pressupostos diferentes, ou ainda indiretamente, mas, com certeza, este problema que nos é colocado não é ignorado por nenhum deles. Creio que não há, talvez, a mínima necessidade de esclarecer porque tratar sobre o mal é relevante: Todos se perguntam e são atingidos por ele. O mal é, ele está, ele se nos impõe, ele é por nós nomeado, classificado, julgado, distinguido, todavia, ele é, não no sentido ontológico, isto é, em atribuição a um ente chamado mal, mas no sentido atributivo, pois atribuímos o mal a algo, embora alguns possam pensar ontologicamente no mal, como também será abordado. Se o mal é algo que desde muito tempo perturba a paz e estabilidade humana, bem como a sociedade, a religião e a filosofia, vemos a suma importância de tratarmos desta questão, e, muito apropriado é fazer uma breve consideração sobre isto no pensamento do filósofo Agostinho. Santo Agostinho, reverenciado tanto no meio literário como no teológico e no filosófico, não ignorou este fato: O mal. Ninguém melhor, a princípio, para nos ensinar algumas coisas sobre o mal do que este filósofo, ele que por muito tempo foi “atormentado” pelo problema do mal. Sua busca incessante por uma resposta ao problema: sua origem e seus efeitos, o levaram a fazer considerações de um “avanço” filosófico admirável, de forma que devemos olhar, absorver e refletir sobre o que ele tem a nos dizer com respeito a este assunto.